quarta-feira, 17 de maio de 2017

Carta do mês de maio


Cotia, de maio de 2017

Caros amigos,


Um genocídio em curso na Síria, no Brasil assassinatos nas periferias, no campo, assassinato de lideranças populares e indígenas beira também um genocídio. O dinheiro para tornar mais justo um país distribuindo renda e serviços básicos vai parar no bolso de políticos e partidos, com empresas que davam orgulho ao país despencando e levando ao desemprego tantas mães e pais de família. Crianças botam fogo em escolas, batem em professores, não aguentam mais a pressão. Jovens se suicidam em jogos virtuais. Não há lideranças políticas. Não sabemos mais quem é o bandido e quem é o mocinho.

Quadro de fim do mundo?
Não!



Quadro do fim de um mundo, de uma era. Estamos bem no meio de uma mudança de era. Mudança radical. Quem enxerga já pode ver que os modelos estão ruindo como as geleiras. Modelo de crescimento econômico. O próprio crescimento da economia! Modelo político partidário. Modelo de família. Modelo agrícola. Modelo urbano. Modelo pedagógico.
Entraremos numa era sem modelos. Sem padrões, sem fôrma, sem molde. Será uma época de criatividade, de economia colaborativa, de decrescimento (ver O Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno de Serge Latouche), de moeda local, de outra forma de fazer política, outra forma de ocupar o território, de se juntar mais afetivamente, de plantar, de aprender com prazer. Cada comunidade local criando seu próprio jeito. Por que um único sistema mundial monetário? Um único jeito de ser escola ou ser família?



O documentário Demain  fala dessa transição mostrando experiências já em curso em diversos locais do mundo nas áreas da política, da economia, da educação, da energia e da agricultura.
Ainda temos um pé no passado e outro no futuro. Ainda estamos em transição, mas não tem volta.

O Projeto Âncora deu seu passo ao desmontar o modelo de escola que existe há mais de 200 anos e que não está mais funcionando. Professores infelizes e crianças ficando doente, sendo medicadas para poderem aguentar a tortura a que são obrigadas. Não faz mais nenhum sentido hoje, aulas, provas, todo mundo tendo que aprender a mesma coisa no mesmo tempo, presos dentro de uma sala, algumas com grades, quando o mundo é a escola, e o conhecimento está na palma da mão, no celular.



Ao mesmo tempo em que pensamos solidariamente na Síria e nos nossos próprios genocídios, será agindo localmente, onde vivemos, nas nossas famílias, escolas, cidades, bairros, condomínios, comunidades, que poderemos ter poder de impedir injustiças e explorações. Com certeza acharemos todos, na correria e na dureza da vida, alguma comunidade para estarmos juntos refletindo e ajudando na construção desse novo mundo.



Abraços sempre esperançosos,


Regina Machado Steurer
Conselheira Projeto Âncora


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