quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Carta de outubro


Carta outubro 2014

"Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a Escola Pública."
Anísio Teixeira

Nestes tempos em que não podemos nos ausentar do debate político é que sentimos a urgência de uma formação política e na democracia. Se não aprendemos e praticamos a democracia na mais tenra idade e não incluímos a política em nosso dia a dia como um valor e uma missão das mais nobres, corremos o risco de, quando adultos, nos ausentarmos da cena deixando nas mãos de poucos, e nem sempre competentes, o nosso próprio destino.



Completados 19 anos no dia 23/09, o Projeto Âncora começa a dar mostras da maturidade que alcançou. A partir deste mês iniciamos, orientados pelo Professor Pedro Demo, um dos mais importantes teóricos brasileiros na área da educação, a produção de material acadêmico a partir da prática pedagógica da entidade. O objetivo é termos, num prazo de um ano, material para um livro.

Também neste mês de setembro foi concluída, com louvor, a primeira dissertação de mestrado sobre o Projeto Âncora. Defendida na USP pela nossa educadora Thelmelisa Lencione Quevedo, com o título Escola Projeto Âncora: gestão, nascimento e desenvolvimento. Material que, certamente, nos empenharemos em transformar em livro para que muitos possam ter acesso.

O trabalho da Thelma diz que o Âncora, em sua filosofia educacional, se pauta em princípios democráticos. Mas seu propósito vai além de vivenciar a democracia apenas em um espaço fechado - no interior de um prédio escolar -, a busca é por sair dos muros da entidade, de modo que as aprendizagens aconteçam também nos espaços das comunidades. Por meio da criação de Comunidades de Aprendizagem, o Âncora busca o envolvimento de todos, para que a partir do exercício de participação, possamos nos conscientizar uns aos outros, e incentivar a responsabilidade social em nosso entorno. Esta finalidade tem vistas à promoção de condições que viabilizem a cidadania, a socialização de informações, de espaço para discussões, gerando uma nova forma de pensar, uma nova cultura. Sobretudo, valoriza-se a formação de pessoas que assumam uma postura crítica e promotora de soluções diante de seus problemas - uma postura de decisão, que leva à inserção de cada um de nós na história, não como espectadores, mas como autores, o que faz das intenções educacionais desta entidade, o próprio processo de humanização, que considera não apenas a história existente, mas também uma história possível de ser construída.

 Nestes 19 anos temos muito a agradecer a todos que acreditam no que estamos a construir, agradecer aos colaboradores e parceiros, pais e crianças, educadores e voluntários. E só pedimos podermos continuar sem perder nossa essência e servindo, humildemente, de inspiração a tantos que também querem seguir o caminho de uma sociedade mais humanizada e participativa.

Abraço grande e sempre fraterno.


Regina Machado Steurer

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